Quintal de memórias (resposta) — Por Milena Cidrão

*Esta é a resposta ao texto de Andréa Barbosa publicado no dia 29 de janeiro de 2021 

Primeiro, quero agradecer por me convocar a passear no seu quintal, aceitei o convite, pronta para fazer de seu lar tema dos meus devaneios, ao menos por alguns instantes. Senti com você o gosto das goiabas e das begônias, o vento que passa trazendo o cheiro doce das mangas e de comida boa da vó, ouvi a gritaria da criançada. Chega a ser estranho, como consigo me sentir nostálgica por memórias que não são minhas. Mas acho que esse é o grande truque das imagens, não é? Nos trazerem para lugares que nunca fomos, nos tocando em lugares que sempre estiveram ali, só não conseguimos ver. Foi um prazer habitar com você esse quintal. Agora, retribuo com a mesma moeda. Te apresento, o meu quintal. Um pequeno retângulo na periferia de São Paulo, onde eu andava em círculos com minha bicicleta, imaginando estar num lugar imenso. Me divertia com as coisas mais pacatas, a parede com a cozinha era o gol de um campo enorme, a mesa uma estação espacial, os buracos no azulejos eram dunas. A melhor parte era quando meu avô trazia abóboras gigantes que ficavam dias alojadas no quintal, como num conto de fadas, as abóboras eram minhas melhores amigas.

*Milena Cidrão é fotografa, graduanda em Ciências Sociais pela UNIFESP membra e bolsista do VISURB. Contato: milenacidrao@outlook.com

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